De Bandido a Herói, uma breve história de Davi

 

Suponhamos que este personagem tenha existido...Um dos períodos da história de Israel mais documentado é a monarquia 

O estabelecimento da monarquia foi um processo iniciado através de Saul, nomeado comandante da liga  tribal por Samuel, e concluído apenas com a ascensão de Davi ao trono. Este processo, em todo o  momento foi conflitivo, a começar por Saul. O cargo de Saul trazia a tradição da instituição de liga tribal, o que implicava em uma limitação de seu reinado.2 A forma como Saul exerceu seu governo é semelhante à exercida pelos juízes. Ele reuniu os guerreiros ao seu redor através de um ritual de convocação da milícia tribal (1Sm 11.6-11 e Jz 19.20.3).  20.3). Entretanto Saul tentou tomar o reinado para si e sua casa através de uma brecha da lei antiga, isto é, manipulando a guerra santa contra os filisteus a seu favor.

O fim do reinado de Saul é marcado pela suspeita de sua queda e Davi foi objeto especial destas suspeitas. Entre a queda de Saul e a ascensão de Davi há um período de transição fundamental para alicerçar a nova instituição monárquica diante da antiga ordem. Este período de transição entre a antiga ordem e  monarquia acompanha uma fase muito importante na vida do futuro rei. Esta fase, segundo, foi decisiva no desenvolvimento de Davi, onde, fugindo para as montanhas ao sul de Judá e juntando-se com um bando de aventureiros, ele se tornou um assassino profissional, ao mesmo tempo em que estabeleceu boas relações com as tribos do sul de Judá.

"Por algum tempo, Davi levou uma existência precária, como chefe de bandidos, jogando os fins contra os meios, atacando os filisteus sempre que se oferecia uma oportunidade, esquivando-se continuamente para escapar às garras de Saul e, nesse ínterim, mantendo-se com a 'proteção' de cidadãos ricos que podiam mantê-lo." 

O bando de Davi segundo aquilo que fazia. Eles não são aventureiros em expedições de saque, são bandidos, ou seja, não só saqueiam como fazem muito mais que isso. Agem conforme seus objetivos. Enxergar Davi e seus companheiros como bandidos traz repercussões muito maiores para a compreensão deste período de transição entre a liga tribal para a monarquia, uma vez que o consolidador do Estado de Israel era um bandido, alguém contrário ao Estado.

Davi, um “ladrão nobre”.

Davi mais se enquadra certamente é o “ladrão nobre”, cujo maior expoente é a figura de Robin Hood..  “tirar dos ricos e dar aos pobres”. O relato bíblico não nos dá a informação se Davi saqueava os ricos para beneficiar os pobres, mas fato é que ele beneficiou seu povo com os despojos de suas incursões militares (1Sm 30.26-31).  

Davi, enquanto bandido, contou com os oráculos sacerdotais, garantidos pela presença de Abiatar e a estola sacerdotal (1Sm 23.6), para assegurar suas decisões e ações, agindo sempre segundo a '''vontade do Senhor'''   (1Sm 23.2, 4, 9-13; 30.7; 2Sm 2.1).

Ao analisar a figura do bandido e, em especial, o fenômeno do banditismo social, afirma que este é um dos fenômenos sociais mais universais da História, onde os bandidos são encarados como criminosos pelo Estado e considerados heróis por sua gente.

 A reconstrução de Davi como o pastor que se tornou bandido, o bandido que se tornou herói e o herói que se tornou rei, parte de um fundamento historiograficamente identificável e, desassociando a figura de Davi de seu contexto social do banditismo, o exalta como o fundador da grande casa real de Israel,   afirmando seu reinado e o de seus descendentes.

A Historia de Davi, como outros personagens bíblicos, faz parte das  tradição judaica, sendo registrado pelos deoterenoinistas pós exílicos entre o século 4  e  5 AC.