A leitura do apocalipse, principalmente a partir do quarto capítulo, revela uma linguagem bem diferente da que encontramos nos outros livros do Novo Testamento. Nomeadamente a descrição dos seres com várias cabeças e vários chifres e asas, parece mais uma descrição da mitologia grega, romana ou egípcia do que um livro da Bíblia, muito menos do Novo Testamento. (4:7/8, 9:7/10, 9:17, 11:7, 12:3/4, 13:1/2, 13:11, 17:3)
De acordo com uma interpretação fundamentalista (que não é a minha posição), em Géneses 2:19/20, Adão deu nome a todos os animais criados por Deus. Portanto, esses seres mencionados no Apocalipse, ou são produto da imaginação do escritor ou não existem.
Em Apocalipse 10:10/11 vejo influência da mitologia grega que utilizava alucinantes nos seus oráculos. Em Apocalipse 11:2 há forte influência judaica com a ideia veterotestamentária dos lugares separados para os gentios e os privilégios para os judeus.
Em Apocalipse 13:16 há referência a pessoas livres e escravos. Será que a antiga condição de escravo prevista na lei de Moisés vai voltar a estar em vigor? Bem sei (e os leitores da minha página também sabem), os significados simbólicos que dão a estas passagens. Mas com essa fértil imaginação sem boa base bíblica neotestamentária, tudo se pode provar e explicar, quer seja o Apocalipse de João ou os outros apocalipses que não foram incluídos no cânon. Não é preciso ser um grande teólogo para notar a diferença no estilo literário do Apocalipse de João em relação a todos os outros livros neotestamentários.
O problema da definição do cânon, tomou maior importância no tempo da Reforma Protestante, com a invenção da imprensa, que permitiu pela primeira vez juntar todos os livros daquilo a que actualmente chamamos de Bíblia. Com a grande divulgação que teve a Bíblia, que ainda hoje continua a ser o livro mais lido, tornou-se ainda mais importante definir quais os livros (antigos rolos) a ser incluídos numa bíblia encadernada da actualidade.
Lutero (século XVI), foi o único grande teólogo que teve a coragem de questionar o actual cânon neotestamentário. Ele rejeitou os livros de Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, estando afinal, quase em sintonia com o primitivo cristianismo. No entanto, Lutero não rejeitou o cânon tradicional, mas talvez se possa dizer que criou um cânon dento do antigo cânon.
Afinal, não é isso que acontece nas nossas igrejas com certas passagens do Velho Testamento que nunca são mencionadas? Quem tem coragem de pregar sobre o genocídio cometido por Josué em Jericó Josué 6:16/21, ou na cidade de Ai Josué 8:1/29, ou nas passagens veterotestamentárias em que o Deus dos judeus legisla sobre a escravatura Êxodo 21:2/8 em que um pai podia vender as suas filhas como escravas desde que cumprisse determinadas condições rituais? Quem tem a coragem de pregar sobre Salmo 137:8/9? Será isso a palavra inspirada?
Já alguns visitantes da minha página me têm dito que por vezes entram na “Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas”, simplesmente para consultar a Bíblia, pois é muito mais fácil “clicar” em Textos principais (de várias religiões), onde têm toda a informação da Bíblia, Alcorão ou Bhagavad Guitá, do que folhear as suas Bíblias para procurar as passagens. Parece que a Bíblia, que já foi de pedra (decálogo), de pele e de papiro, actualmente está na fase de transição da Bíblia de papel, para a Bíblia informática, onde já não será possível limitar tão rigidamente o acesso aos livros de qualquer cânon.
Cânon neotestamentário nos nossos dias
O problema da definição do cânon, tomou maior importância no tempo da Reforma Protestante, com a invenção da imprensa, que permitiu pela primeira vez juntar todos os livros daquilo a que actualmente chamamos de Bíblia. Com a grande divulgação que teve a Bíblia, que ainda hoje continua a ser o livro mais lido, tornou-se ainda mais importante definir quais os livros (antigos rolos) a ser incluídos numa bíblia encadernada da actualidade.
Lutero (século XVI), foi o único grande teólogo que teve a coragem de questionar o actual cânon neotestamentário. Ele rejeitou os livros de Hebreus, Tiago, Judas e Apocalipse, estando afinal, quase em sintonia com o primitivo cristianismo. No entanto, Lutero não rejeitou o cânon tradicional, mas talvez se possa dizer que criou um cânon dento do antigo cânon.
Afinal, não é isso que acontece nas nossas igrejas com certas passagens do Velho Testamento que nunca são mencionadas? Quem tem coragem de pregar sobre o genocídio cometido por Josué em Jericó Josué 6:16/21, ou na cidade de Ai Josué 8:1/29, ou nas passagens veterotestamentárias em que o Deus dos judeus legisla sobre a escravatura Êxodo 21:2/8 em que um pai podia vender as suas filhas como escravas desde que cumprisse determinadas condições rituais? Quem tem a coragem de pregar sobre Salmo 137:8/9? Será isso a palavra inspirada?
Já alguns visitantes da minha página me têm dito que por vezes entram na “Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas”, simplesmente para consultar a Bíblia, pois é muito mais fácil “clicar” em Textos principais (de várias religiões), onde têm toda a informação da Bíblia, Alcorão ou Bhagavad Guitá, do que folhear as suas Bíblias para procurar as passagens. Parece que a Bíblia, que já foi de pedra (decálogo), de pele e de papiro, actualmente está na fase de transição da Bíblia de papel, para a Bíblia informática, onde já não será possível limitar tão rigidamente o acesso aos livros de qualquer cânon.
Se depois dos 16 séculos que já passaram, os teólogos ainda não chegaram a uma unanimidade quanto à interpretação do Apocalipse de João, penso que já é tempo de concluírem que afinal, o primitivo cristianismo teve razão quando o rejeitou.
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