Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela😂." Este verso impede os crentes de limpar a bíblia. Assim, eles estão presos a uma versão inalterada. (?) [Dt 4:2]
Pena que isso ninguém obedece. Um exemplo são as novelas bíblicas da TV Record, em que tudo é aumentado ou diminuído. Fora as muitas atualizações da bíblia que acontecem todos os anos.
A Incoerência Divina: A Falácia da Imutabilidade Bíblica
O versículo de Deuteronômio 4:2 afirma: “Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela”. Uma ordem clara, supostamente divina, que proíbe qualquer alteração no texto sagrado. No entanto, essa exigência coloca os fiéis em um dilema irônico: como seguir um livro que, em sua própria história e uso prático, é constantemente modificado, adaptado e reinterpretado?
A bíblia é imutável? Só na teoria
Se a bíblia fosse realmente intocável, as traduções sequer existiriam. O texto original, escrito em hebraico, aramaico e grego, já foi transposto para milhares de línguas, e cada tradução é, por natureza, uma reinterpretação. Palavras perdem nuances, contextos culturais são apagados, e escolhas linguísticas — como traduzir(mudar a palavra) “escrava” por “serva” para suavizar a escravidão (Êxodo 21:7) — revelam uma tentativa clara de “diminuir” o conteúdo original.
Além disso, as “atualizações” anuais das edições bíblicas (NVI, Almeida, King James etc.) são provas de que até os líderes religiosos reconhecem a necessidade de adaptar o texto a cada geração. Se Deus realmente proíbe alterações, por que ninguém lê a bíblia em sua forma original, (se acaso existisse) sem notas de rodapé ou eufemismos?
Novelas Bíblicas: A Hipocrisia Dramatizada
A TV Record, emissora ligada a grupos neopentecostais, produz novelas que aumentam a bíblia sem pudor. Em “Rei Davi” ou “Josué e a Terra Prometida”, diálogos, romances e cenas de ação são inventados para entreter. Se o mandamento de Deuteronômio fosse levado a sério, essas produções seriam blasfemas — afinal, acrescentam narrativas que não existem nas escrituras.
Curiosamente, os mesmos grupos que condenam “distorções” em outras religiões aceitam adaptações midiáticas quando lhes convêm. A moral seletiva revela que a “santidade do texto” é flexível: serve apenas para validar dogmas, nunca para questioná-los.
O Cânon Bíblico: A Maior Adição de Todas
O próprio processo de formação da bíblia é uma contradição ao mandamento de Deuteronômio. O cânon cristão, definido séculos após Jesus, incluiu e excluiu livros conforme interesses políticos (ex.: Concílio de Cartago, 397 d.C.). O Novo Testamento, por exemplo, é uma grande adição ao Antigo — algo que, ironicamente, violaria a ordem de não “acrescentar” nada.
Se os primeiros cristãos seguiram à risca Deuteronômio 4:2, por que ousaram escrever evangelhos, cartas e apocalipses? A resposta óbvia: a religião é um fenômeno humano, que evolui conforme as necessidades de seus seguidores.
A Moral Inegociável? Só Quando Convém
O maior absurdo está na tentativa de tratar a bíblia como um manual moral imutável. Seus textos defendem escravidão (Levítico 25:44-46), assassinato de crianças (Salmos 137:9), e ódio a grupos inteiros (Deuteronômio 20:16-18). Se os crentes não podem “diminuir” nada, por que ignoram essas passagens?
A resposta é óbvia: ninguém — nem mesmo os mais devotos — segue a bíblia literalmente. Escolhem versículos que reforçam seus valores atuais (amor, justiça) e descartam os que são socialmente inaceitáveis. Isso não é fé: é censura seletiva.
A bíblia é Humana, Não Divina
Deuteronômio 4:2 expõe a contradição central do cristianismo: um deus que ordena a preservação de um texto cheio de erros, violência e incoerências, mas que depende de revisões humanas para se manter relevante. Se a bíblia fosse realmente perfeita, não precisaria de novelas, traduções ou pastores para explicá-la.
A realidade é clara: a bíblia é um livro escrito, editado e reinterpretado por pessoas — cheio de contradições precisamente porque é obra humana. E enquanto os fiéis fingem obedecer a um mandamento impossível, a história mostra que até a “palavra de Deus” está sujeita à evolução. Marcos Cesar— em Mauá, São Paulo.
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